19 de agosto de 2010

Testemunho missionário



É preciso ir ao povo, ide todos evangelizar!
Com esse tema iniciamos mais uma etapa da missão dehoniana juvenil na cidade de São José do Rio Claro/MT. Projeto da Congregação dos padres do Sagrado Coração de Jesus cujo fundador é o venerável Padre Dehon. Este ano comemora-se 20 anos de projeto no Brasil com objetivo único e simples, tornar o jovem protagonista de sua história dentro da igreja, ser igreja missionária do jeito jovem, com responsabilidade e visão de igreja Universal que somos e carisma do Sagrado Coração de Jesus, levar o amor de Cristo a todos através do nosso testemunho de evangelização.
Nos preparamos nos nossos grupos de origem e no tempo de férias vamos a uma cidade cuja paróquia é de responsabilidade dehoniana e nesse período fazemos o mesmo que os primeiros cristãos, a vida em comum: rezamos juntos, conversamos sobre nosso dia, missa e adoração diária, realizamos visitas nas casas porta a porta onde nesse momento partilhamos da Palavra de Deus, realizamos orações, conhecemos a realidade do local e convidamos as famílias a participarem conosco das atividades que acontecem na comunidade. Muitas vezes os moradores locais nem conhecem a comunidade. Vamos preparados para realizar adorações, missas, formações com jovens, adultos, crianças, idosos, lideranças, formar no povo um sentimento de pertença e responsabilidade.
Igreja missionária é igreja Viva e Cristão missionário é cristão vivo, ativo, animado e cheio do Espírito Santo!
Impossível um jovem ou qualquer um que se doar a uma missão onde quer que seja não voltar melhor e mais animado a se engajar nas atividades Pastorais de sua paróquia e também mais preocupado com o outro e com a situação do mundo.
Participo da MDJ (missão dehoniana juvenil) há 10 anos e sou mais que grata a Congregação dos padres do Sagrado Coração de Jesus por me formarem uma cristã católica engajada, no qual vivo meu batismo através dos sacramentos e da missionariedade que me proporcionam me tornar mais sensível à realidade do outro e assim accessível a criar e propor mudanças no cotidiano. Agradeço por me ensinarem a viver um catolicismo não somente misseiro e sacramentalista e sim católica missionária, apaixonada pela igreja e comungando da fonte que é o próprio Cristo presente na Eucaristia, me torno co-responsável pelo outro, meu irmão, e como membro do corpo de Cristo, tenho obrigação e forças para ir ao mundo e Evangelizar, tornar-me tudo para todos, onde precisar, no meu dia a dia e também nas missões que são (por enquanto) no meu tempo de férias e não tenho problema algum de doá-lo para a missão, onde acordamos as 6hs da manhã e dormirmos super tarde e durante do dia chegamos a exaustão de tanto andar. A experiência missionária me presenteou com uma paz inquieta, não posso me sentir completa e feliz vendo tanta tristeza e desigualdade, então vou a luta! Missionar é mostrar que igreja unida é igreja solidária, povo que reza junto partilha junto.
Não trocaria um dia de missão por meses no meu cotidiano (casa/trabalho/igreja/família). Sempre digo que para aprender tudo que vivencio e que as famílias partilham nas casas em 15 dias de missão, nem em 30 anos de vida conseguiria absorver tantos sentimentos e aprendizado, e essa é a pedagogia de Deus, eu me entrego a um trabalho, me desgasto, me esforço, mas quem ganha no resultado final sou eu, ganho em experiência e Graça, volto sempre mais madura, confiante, espiritualizada, com visão diferente de sociedade e certa de que a missão é tempo de Graça e benção a quem recebe o missionário e também a quem missiona.
Tive a graça de participar da primeira etapa da missão em São José do Rio Claro, norte do MT, cidade pequena, cerca de 13 mil habitantes, povo lindo, trabalhador, mescla de culturas que vivem do plantio de soja, milho e sorgal. Conhecer as pessoas e a realidade dos que ali vivem e nos apresentar como missionários da igreja católica é nosso primeiro passo. Fomos em 45 jovens leigos, quatro sacerdotes, religiosos, seminaristas e missionárias da comunidade Sagrado Coração de Jesus (são mulheres que se prontificaram a viver a missão em tempo integral, fruto que brotou da missão dehoniana e está a 10 anos em terras mato-grossenses).
Fui enviada pela minha Paróquia/Santuário São Judas Tadeu em São Paulo/SP como um intercâmbio missionário. Minha expectativa era a melhor, pois quando vamos ao encontro do irmão falar de Deus e principalmente escutá-lo como igreja que se une, mais queremos estar em missão e ir sempre mais além. Lá, naquela cidadezinha que tem menos habitantes que meu bairro na zona sul de São Paulo, me senti portadora autêntica da Boa Nova de Jesus, isso tudo porque somente disse um sim, peguei minha bíblia, água benta, arrumei minhas malas e fui falar de amor em nome do Senhor a essas pessoas. Vocês não têm idéia o que aconteceu nessa cidadezinha, batíamos em uma porta e o vizinho já estava a nossa espera do lado de fora, visitamos muitas e muitas casas, partilhamos da Palavra de Deus em todos os lares e eles em troca, partilhavam suas vidas, alegrias e sofrimentos, e rezávamos juntos, pedindo á Deus em preces por cada família e situação. Não prometíamos curas, milagres, ajuda social alguma, somente escutávamos os clamores do Povo, que hoje necessita de carinho, auxilio e alguém para desabafar e na figura de igreja fomos ao encontro deles.
Se pensarmos em amplos aspectos e necessidades da sociedade, esse nosso trabalho é ínfimo, porém dali, de uma visita e o testemunho do missionário que vai ao encontro do povo, pode sim gerar no local uma mudança de pensamento e vivência Cristã, mostrar que a igreja é muito mais que missa dominical e que juntos, podemos sim tornar a sociedade mais igualitária pelo simples fato de sairmos de casa e irmos rezar e conhecer a realidade do vizinho, ou seja, ir a contraposto da vida de hoje, que nos aprisiona nos nossos lares através da mídia, violência e egocentrismo.
Como frutos de nossas simples visitas ou presença de igreja, já iniciamos grupos de reflexões nas ruas, paróquia e comunidades mais vivas e animadas, casais dispostos a vivenciar uma fé mais madura e muitos, mas muitos jovens dispostos a participar das próximas etapas da missão, que acontecerão lá por três anos.
E eu missionária, fico mais animada e alegre em continuar meu trabalho, sempre buscando ir mais além, testemunhando que doar-se é ganhar, ouvir é aprender e anunciar é amar e ser presença viva do próprio Deus que pode e quer fazer da nossa vida plena. Se nos unirmos em comunidade podemos sim realizar muitos prodígios e milagres através dos sacramentos e da partilha, porque fé e oblação geram ação e reparação, num ciclo lindo e vivificado em união ao Coração de Cristo ao coração da humanidade.

VIVAT COR IESU, PER COR MARIAE!
Viva o Coração de Jesus, pelo Coração de Maria!
Missionária Carolina Rosa

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